O
ESTRESSE EMOCIONAL E O DISTÚRBIO DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (DTM)
O que é articulação temporomandibular (ATM) ?
A articulação
temporomandibular (ATM) é a articulação que liga a mandíbula ao crânio. Essa
articulação pode sofrer vários distúrbios, prejudicando assim sua função.
Estalos e dores são sintomas frequentemente relatados pelos pacientes.
Quais
são os sintomas comuns da DTM ?
• Dores de
cabeça (muitas vezes se assemelhando com enxaquecas), dores de ouvido, dor e pressão atrás
dos olhos;
• Estalos
ou dor ao abrir ou fechar a boca;
• A
mandíbula fica trava, sai do lugar;
• Dor nos
músculos de mastigação;
• Dificuldade
ao mastigar ou morder;
• Inchaço
do rosto;
• Mudança
na oclusão dentária da pessoa (a forma como os dentes superiores e inferiores
se encaixam).
Qual
a causa psicológica da DTM ?
Os fatores psicológicos desempenham um papel significante
na DTM, pois contribuem não somente para o aparecimento dessa alteração, mas
também para a sua perpetuação.
Vários pesquisadores relatam a estreita relação que
existe entre DTM e o estresse emocional.
Segundo Beaton et al.(1991), existem teorias segundo as
quais os sintomas da DTM são manifestações psicofísiológicas do estresse, e os pacientes com essa
alteração experimentam e/ou expressam sintomas psicológicos, somáticos e
comportamentais do estresse junto com os sintomas da disfunção.
Stein et al (1982), realizaram um estudo em 24 indivíduos
e concluíram que os pacientes com disfunção apresentaram índices mais altos de
estresse do que o grupo Controle.
O estresse emocional pode produzir mudanças fisiológicas
mensuráveis, como o aumento das catecolaminas e dos esteroides 17-hidróxi na urina. As concentrações urinárias dessas
substâncias nos pacientes com DTM foram determinadas e comparadas com um grupo
Controle. A quantidade média do esteroide nos pacientes com disfunção foi 33%
maior do que no grupo Controle, e o nível médio de catecolaminas foi 118% mais
elevado. Os autores afirmam que esse estudo oferece evidências bioquímicas de
que pacientes com DTM estão sob o estado emocional de estresse maior do que os
indivíduos normais e, como essa condição emocional pode predispor ao
desenvolvimento de mecanismos de
liberação de tensão através de hábitos bucais, pode haver risco de fadiga
muscular com resultantante espasmo
muscular, dor e disfunção. (MOREIRA, ALENCAR & BUSSADORI, 1998)
Existe indicação de que 76% dos pacientes com disfunção
apresentam algum problema psicológico,
dos quais 84% apresentam doença depressiva.
Raiva e hostilidade não são incomuns entre os pacientes
com DTM que já experimentaram muitos tipos de tratamentos mal sucedidos e podem
contribuir para a perpetuação da condição.
Para Wepman (1978), o maior fator emocional relacionado
com a percepção à dor é a ansiedade, e os indivíduos que mostram alto grau de
ansiedade no seu comportamento cotidiano ( alto traço de ansiedade) são mais
reativos às situações quando a ansiedade esta aumentada ( alto estado de
ansiedade).
A ansiedade nos
pacientes com DTM tem sido relatada e existem três afirmações sobre esse assunto:
- os estados emocionais como a ansiedade levam à tensão
muscular;
- a tensão muscular persistente leva à dor;
- essa sequência de eventos leva aos sintomas relatados
pelos pacientes.
De acordo com Molin et al (1973), a ansiedade e a tensão
muscular têm um papel importante na etiologia da DTM, e também a dor associada
aos músculos e à articulação pode
contribuir para acentuar ainda mais a ansiedade do paciente.
O
que é o estresse psicológico?
O estresse é ocasionado por um esforço que o organismo
dispende no sentido de se proteger de agressões do meio ambiente. As supostas
causas do estresse poderiam ser: queimaduras, lesões, estados pós-operatórios,
variação de temperatura, ambiental, esforços musculares intensos, traumas e
irritações nervosas. Mas a quase totalidade do estresse verificado em pacientes
é causada por fatores psicológicos (PACHECO,1983).
A tendência das explicações médicas e
psicológicas tem sido colocar a culpa em questões ambientais: trabalho em
excesso, tipo de trabalho, casamentos fracassados, trânsito intenso, cidades
grandes etc. etc.. Mas pesquisas também provam que os executivos mexicanos
queixam-se mais do stress nas férias do que em período de trabalho. E
habitantes de cidades pequenas apresentam um grande número (ou maior) de sintomas
psicossomáticos e de desequilíbrio nervoso (PACHECO, 1983).
Os pacientes tratados pelo método
psicanalítico integral têm um alto índice de recuperação de suas doenças, sem
necessitarem de qualquer mudança em sua vida, profissão ou família. Se a causa
dessa enorme incidência de stress estivesse em outro fator que não no interior
do homem, não haveria essa possibilidade de cura (PACHECO, 1983).
A
interiorização é o caminho da cura
O aspecto mais importante do trabalho
de Keppe, a chave principal da Trilogia Analítica, é o processo de interiorização.
“O homem interiorizado é o homem são.” Chegamos através da ciência à mesma
conclusão de Santo
Agostinho e de Sócrates na filosofia.
A beleza do corpo do homem, dos seus músculos, seu cérebro, seu rosto são
reflexos muito apagados da perfeição que existe no interior. A beleza dos
animais, da natureza, dos astros e do universo é uma pequena parte da beleza do
ser humano. No nosso interior, além da Beleza, existe o Amor, que não existe na
realidade externa.
Por mais que tentemos, jamais nossa
imaginação poderia atingir as delícias e a satisfação que a Sanidade interna
nos traria se a aceitássemos completamente (PACHECO, 1983).
A Trilogia Analítica desenvolveu uma
técnica de interiorização que propicia este contato. Trata-se da técnica comparativa,
onde cada elemento do mundo externo é transportado dialeticamente para o
interior do homem. Desta forma,
quando colocamos “os outros” dentro da
vida psíquica do cliente, ele se acalma, reconhecendo o valor que tem em seu interior,
o enorme mundo que tem dentro de si, amenizando a sua inveja. Se vemos o mal
vindo dos outros, também o fazemos com o bem, invejando o que imaginamos não
possuir.
Mas se o reconhecemos em nós, logo nos
acalmamos.
A partir do momento em que o homem
começa a aceitar essa volta para si, então se inicia a cura. Quanto mais faz
esse movimento, mais se ampliam seus horizontes. O homem muito interiorizado
chega a perceber coisas dentro de si que não existem correspondentemente no
universo externo, pois o seu
íntimo é o que há de mais perfeito em
toda a criação (PACHECO, 1983).
Se temos essa maravilha em nós, então
por que não a usufruímos?
Dr. Keppe explica essa recusa por ser
o nosso interior o reflexo da beleza divina. A Sanidade que vemos dentro de nós
não é nossa realização, e, diante de tanta grandeza e maravilha, cegamo-nos
pela terrível inveja que sentimos daquele que nos presenteou com ela. Assim é
que a humanidade passou a ver a vida como algo feio, penoso, sem sentido e angustiante,
e o “papel” que representamos está longe de ser a expressão da nossa realidade
interna. De seres feitos à semelhança de Deus, reduzimo-nos a assassinos, delinquentes,
doentes, angustiados.(PACHECO, 1983) .
PACHECO,
C.B.S. - A Cura pela Consciência – Teomania & Estresse - Proton Editora, 1ª Edição, São Paulo, 1983.